terça-feira, 24 de agosto de 2010

Aula de Imperialismo

Na edição de Época nº 640 de 23/08/2010, no texto “A popularidade de Lula a serviço da modernização” o economista colunista da revista paulo Guedes deu um show em seu ponto de vista imperialista.

Iniciando seu texto, o mesmo cita seu vício de formação comparando-o à mania de buscar eficiência no uso de recursos. Quais seriam esses recursos? De que forma seriam utilizados? O economista defende a integração econômica da América Latina sob a égide de uma moeda comum. Defende ainda que o apoio brasileiro se deu a governos retrógrados que não respeitam os direitos humanos. Será que os direitos humanos são respeitados em nosso país? Será que a imprensa se utiliza de seu humanismo para defender a soberania nacional, a erradicação da pobreza, a distribuição de renda, a educação?

Outro ponto interessante defendido pelo autor é a instabilidade das moedas venezuelana e argentina. Coincidentemente ou não, esses são países onde a regulamentação da mídia tem sido mais intensa em prol da democratização dos meios de comunicação através de um maior controle social. Coincidência ou despeito?

Até concordo que ganharíamos com essa integração de moeda, mas como se daria este ganho? Ocorre que este economista deixou de citar a exploração indiscriminada dos recursos naturais chilenos pelas multinacionais com livre acesso e gratuito a estes, a existência de uma extrema exploração dos trabalhadores chilenos, que sofrem devido à ausência de qualquer tipo de proteção trabalhista, sem falar no direito de greve, extremamente limitado, pois os governos da “concentrácion” mantêm as velhas leis dos tempos da ditadura para reprimir o movimento sindical. O trabalho sem proteção trabalhista é o que há no país. O atual sistema previdenciário chileno, que foi privatizado em 1983, exclui cerca de 50% da força de trabalho ativa, as pessoas subcontratadas ou com contratos temporários.

Isto é desenvolvimento? É modernização? Parece-me mais algo do tipo desmonte. Algo quase feito por FHC.

No decorrer do texto, o economista defende que a integração entre os países da América do Sul permitiria a livre mobilidade de trabalhadores. Segundo informações da CIA, os índices de desemprego em países da América do Sul até 01/2009 se davam da seguinte forma: Chile: 8%; Argentina: 8%; Venezuela: 7%; Colômbia: 11%; Equador: 9%; Bolívia: 8%; Peru: 8% e Brasil: 8%.

Seria realmente uma boa abrirmos nossas fronteiras livremente? Se relacionarmos a taxa de desemprego com a população, teremos no Brasil um total de 15.318.450,4 e na soma dos demais países acima citados um total de 15.895.572. Ou seja, teríamos um bloco único, tal qual a União Europeia, com o Brasil arcando com o ônus do negócio. Seriam agora 31.791.144. trabalhando com a hipótese de carta branca dada pelo Brasil, seria algo catastrófico.

Outro ponto que ele defende é sobre a crise causada na Europa em função da quebradeira da Grécia e dos furos que a Alemanha tem tomado bancando os gregos. O argumento do economista foi o seguinte: os alemães podem se aborrecer com a ideia de ter de ajudar os gregos, mas se beneficiariam com a sua economia voando, ao exibir seu papel de alicerce de toda a integração continental. Em outra palavras, a Alemanha, sem boa vontade alguma, tem de arcar com as trapalhadas de países irresponsáveis. Seria isso bom para o Brasil?

Ele ainda compara a Venezuela à Grecia. Somente sendo representante desse “Partido da Massa Cheirosa” como disse a ridícula jornalista Eliane Castanhêde numa conferência do PSDB para ter em mente uma opinião como esta.

É desolador saber que este tipo de ideia imperialista ronda nossos veículos midiáticos, mas ao mesmo tempo é felicitante saber que se reduz a uma folha de papel numa revista sem credibilidade. Não podemos nos utilizar de nossa “superioridade econômica” em nome de uma dominação regional sem sentido e altamente onerosa.

É por isso que Serra e seus comparsas merecem toda a humilhação que o povo brasileiro possa impetrar nas próximas eleições.