domingo, 13 de julho de 2008


A Beleza (La Beauté - Baudelaire)
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Sou bela, ó mortais, um sonho de cristal,
E meu seio onde todos imploram favor
Nasceu para inspirar ao poeta um amor
Assim como a matéria, mudo e imortal.
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Indecifrada esfinge, ao azul subi;
Neve no coração, a brancura é minha;
Odeio o movimento que desfaz a linha,
Sou a que nunca chora, a que nunca ri.
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O poeta, diante do meu ar severo
De estátua altiva sobre o pedestal,
Consumirá seus dias em estudo austero;
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Tenho para encantar este amante leal
Um espelho que faz cada coisa mais terna:
Meu olhar, puro olhar de claridade eterna.

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