sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O Jogo é Descobrir o Que Já Somos


Noite passada, acompanhado de bons amigos num bar, casualmente ou não, começamos a conversar sobre relacionamentos. Depois de algumas doses, duas conversas prevalecem: pessoas e/ou relacionamentos. Ontem foi a vez do segundo, sem envolver os primeiros. 

Eu comigo, analisando a estrutura de um relacionamento, percebo que facilmente pode-se estabelecer uma relação comparativa com uma árvore. Para alcançar um estágio de clímax é necessário tempo e tudo o mais que a alimente. Assim é um relacionamento. Possui como alimento a dedicação e companheirismo entre aqueles que o formam. Somente com tempo será possível colher os frutos gerados.

Entretanto, com a agitação que a vida contemporânea tem imposto, está cada vez mais difícil para um relacionamento chegar a um estágio de maturidade, dado o caráter efêmero e superficial que as relações amorosas adquiriram. Apega-se muito facilmente hoje em dia e, com a mesma facilidade, desapega-se. Os obstáculos deixam de ser fatores fortalecedores da relação para se tornarem empecilhos na vida a dois. 

Para que a árvore do relacionamento cresça e dê frutos é necessário um longo caminho que vai desde a paixão desenfreada típica de início de relacionamento, tal qual uma muda lutando para germinar, até a paciente mudança de características em função das estações. Porém, a árvore nunca vai mudar. Da mesma forma é um relacionamento, será sempre o mesmo, pois sua essência é composta pela bela combinação entre dois que se amam.

E por que então está cada vez menos frequente a colheita dos bons frutos nas relações? A resposta para esta pergunta, eu suponho, está na velocidade como as coisas acontecem. Não me valho dessas palavras para me eximir de minhas ações, pois também me enquadro, sob pena de ficar só, nesse perfil de celeridade amorosa. Em pouco mais de 20 anos, conseguiu-se inverter a ordem dos acontecimentos: primeiro o sexo, depois o nome. E este jogo ocorre sem que percebamos, pois é a lógica vigente. E, como se sabe, mudas não dão frutos. 

Precisamos reinventar nossa lógica se quisermos obter a felicidade plena e verdadeira, se quisermos fugir da superficialidade onde prevalece o orgasmo que, em tese, deveria ser resultado de uma construção recíproca e verdadeira. E, nesse jogo, a questão de quem eu sou, se eu sou bom ou mau, bem sucedido ou não, se aprende no caminho. É só um passeio. Nós podemos mudar a hora que quisermos. É só uma escolha. Estamos jogando o jogo errado. O jogo é descobrir o que já somos.

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