quarta-feira, 30 de janeiro de 2008




Revista Forbes: "Os ricos ficam mais ricos": Brasil dobra número de bilionários.


É incrível como o brasileiro dá importância a coisas que, na verdade, não possuem tanta relevância, face a outros motivos que nos deixam muito menos orgulhoso, mas que podem ser mudados a depender da vontade da sociedade organizada. Moramos num país tropical, abençoado por Deus, bonito por natureza, mas com um povo rodeado por uma lamentável miséria. O que é incrível em nossa sociedade, é que este envolto de pobreza serve mais como venda do que como lição. Por mais que a miséria que assola nosso país esteja em nossas vidas cotidianas, não a vemos. Será que não a vemos ou não queremos vê-la?

Moro numa cidade chamada Aracaju. Uma cidade que, segundo o IBGE, é capital do estado com melhor Índice de Desenvolvimento Humano no Nordeste, uma cidade cuja beleza é indiscutível. Quanto a isso não há o que se discordar. Aracaju tem uma coisa sui generis, ela tem sua pobreza esocndida atrás dos morros. Em Aracaju a pobreza não sobe o morro, vai para trás dele. Você já foi ao Coqueiral, Porto Dantas, Japaozinho, Lamarão? Se espera encontrar naquele subúrbio o que você encontra no outro subúrbio chamado Aruana, Sarney, etc, não vá! Naquela região reside o percentual de indivíduos que sequer sabem o que é água encanada, coleta de esgoto ou lixo, que dirá IDH. O índice de violência nessas regiões é muito alto. Mas qual a importância se a região está devidamente localizada atrás do decadente Parque da Cidade?

Está mais que na hora de o governo do estado tomar providências quanto no tocante à melhoria daquela região. Não basta o impacto causado pela caótica implantação da rede viária devido à construção da ponte que derrotou João Alves?

Faço das palavras de Caetano, as do menino do Coqueiral ...

"Nasci num lugar que virou favela. Cresci num lugar que já era, mas cresci a vera, fiquei gigante, valente, inteligente, por um triz não sou bandido, sempre quis tudo o que desmente esse país, encardido. Descobri cedo que o caminho não era subir num pódio mundial e virar um rico olímpico e sozinho, mas fomentar aqui o ódio racial, a separação nítida entre as raças, um olho na bíblia, outro na pistola, encher os corações e encher as praças com meu guevara e minha coca-cola. Não quero jogar bola pra esses ratos. Já fui mulato, eu sou uma legião de ex-mulatos. Quero ser negro 100%, americano, sul-africano, tudo menos o santo que a brisa do brasil briga e balança. E, no entanto, durante a dança, depois do fim do medo e da esperança, depois de arrebanhar o marginal, a puta, o evangélico e o policial, vi que o meu desenho de mim é tal e qual o personagem pra quem eu cria que sempre olharia com desdém total, mas não é assim comigo. É como em plena glória espiritual que digo: eu sou o homem cordial que vim para instaurar a democracia racial. Eu sou o homem cordial que vim para afirmar a democracia racial. Eu sou o herói. Só Deus e eu sabemos como dói."

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